sábado, 18 de julho de 2009

Liberté


Só o medo do abismo
no pelo inquieto.
Crianças lambendo sexo.
Hoje não me reconheço.

Palhaços carnavalescos.
Sob a ponte 1000 operários.
Um mundo que não vejo.
Só no Nada me conheço.

Enrolado no cobertor
a paz muda de lugar
trazendo a poesia sem pudor
para esse inóspito lar.

Quem me dera ouvir um som melodioso
que não fosse um grito de dor.
Poderia pelo menos sentir amor
e a alegria de um dia ocioso.

Mas basta! cansei de lirismo e poesia!
o que quero mesmo é a alegria
de um cobertor bem quente
em meio as ondas do rádio.

Abraçar minha mãe, minha avó,
ter um dia a sós com a consciência.
Ser todo alma, ser todo inocência.
Dormir sem anéstesicos, dormir nunca só.

Mas só com você seria bom.
Sentir teu cabelo negro,
tua boca que tem gosto de bombom,
tua língua que tem um ótimo tempero.

Mas você que se chama Liberdade
está um tanto maltratada.
Não vem, diz que me odeia e não me quer...
Acho que você está apaixonada.

O pior do mundo é a sensação
de traição.
Traio minha mãe, meu tio, meu avô.
Traio sem dó nem compaixão.

Agora sim estou chorando.
Puta que pariu! nunca pensei
que choraria assim
por me ver nessa condição vã!

Choro e mil vezes choraria
se fosse por amor, se fosse por carinho.
Senhores decrépitos anunciam
que o lodo profético vem vindo.

E vem enfileirada crianças suicidas
sujas como camisinhas usadas.
Vem o amor verdadeiro ferido
por um dia mal acabado.

Vem e vem você nua em pelo
ardendo em febre, lebre nua
numa luta ardilosa
lambendo restos de sêmen numa noite tumultuosa.

Vem você desesperada, anjo lindo
com infinitas tatuagens na alma
e outras tantas na carne.
Vem você perambulando do lado errado.

Sinto que estou apaixonado.
Deixe-me aqui lendo esse Haikai.
Voltar ao tempo sem memória
para que alguém não se vá...

Poderia ter dito que te amava
ou simplesmente usar teu corpo,
mergulhar em uma noite torpe,
deleitar em um copo, um cigarro e um desgosto.

Gosto lúdico e gesto mórbido.
O crime não tem norte,
sul, leste, oeste.
No mundo não existe códigos.

o que necessito mesmo é o ócio
o Kama-Manas insano
a noite e a sede de te amar
o ócio o ócio o ócio.

Posso te beijar com carinho?
Lembre-se: você é meu eterno vício.
A única entre todas que daria
o mundo ou então roubaria.

Juntos fazemos curso de filosofia
e eu me chamo Delírio.
Você se chama Liberdade.
Ambos inimigos do cinismo
ambos amigos da verdade.

5 comentários:

  1. ow, muito louco....delirante...poético...
    "Delírio e Liberdade...inimigos do cinismo...amigos da verdade"
    forte...louco...tem outros pontos fortes nessa poesia...mas ela em si é o ponto forte...um ponto que muda rumos.

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  2. "Posso te beijar com carinho?
    Lembre-se: você é meu eterno vício."

    "Juntos fazemos curso de filosofia
    e eu me chamo Delírio.
    Você se chama Liberdade."

    "Mas só com você seria bom.
    Sentir teu cabelo negro,
    tua boca que tem gosto de bombom,"

    Parágrafos que de alguma maneira massacraram meu coração!
    Gosto de textos que de alguma forma mechem comigo...
    Pelas palavras, posso imaginar quem te foi inspiração pra este texto!
    Inspiração é algo necessário... para um poeta intenso como vc!

    PARABÊNS...
    Muito bom!

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  3. esse poema qer dizer esse puto e escrachado poema eh magnifico e exgero porque realmente me tocou...parabens....e valew por comentar meus escritos,estarei postando em breve mais coisas,,,bela alma...profunda como a vibração de um grave instrumento!

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  4. Agora sim tenho certeza de quando se esta apaixonado, o celebro produz trabalhos brilhantes... Doug você está apaixonado!!!!
    Esse ai tem que ir diréto pro zine...

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  5. "Vem você desesperada, anjo lindo
    com infinitas tatuagens na alma
    e outras tantas na carne.
    Vem você perambulando do lado errado."

    Me fez lembrar alguem que amei muito...E ainda amo..

    Lindo!

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