segunda-feira, 29 de junho de 2009

Árvore Genealógica (da Fenícia ao Desconhecido)


Final de 2004. Perdido em meio aos livros e delírios. Garrafas, incontáveis garrafas... Poucos meses fazia que a Morte com seu sorriso lascivo e benevolente aparecia... Foi um ano difícil... Até então não acreditava no fim... Ninguém que eu amava era mortal, muito menos eu... Uma sucessão de despedidas inevitáveis ocorreu de forma avassaladora. Eis algo que não quero lembrar...
Nessa avalanche de tragédias, numa tarde cinzenta anunciando uma chuva branda, lápis e papel na mão, redigi um poema, uma elegia com os olhos cheio de lágrimas e o coração mergulhado de revolta e revestida de uma sublime inquietação, uma inquietação que vinha da alma e maltratava meus dias, passos calejados rumo a loucura.

Baudelaire, Rimbaud, Van Gogh nos mostrou que é preciso penar muito pra chegar a essência da arte. "Poesia é a subversão do corpo". A existência sem limites... Se esquecer e se entregar... "Não existe poeta experimental que não tem vida experimental". Fechar os olhos, abrir a mente, volitar o coração...
"O poema nasce do espanto, e o espanto decorre do incompreensivel"; "de repente, quando se ergue da cadeira, o poeta percebe que o fêmur de uma perna resvala no osso da bacia. Aquilo o intriga. É desse tipo de surpresa que nasce o poema". Penso exatamente como Ferreira Gullar. O espanto da Morte, a solidão voluntária e a decadência, a descida aos infernos me fez compor esse poema como um grito enlouquecido de minha alma. É aquela idéia de santo baixando, dessa coisa estranha que é a inspiração, versos que surgiram de uma só vez numa velocidade estonteante que hoje relembrando e lendo esses escritos me assusta...
Eis aí o poema:

Árvore genealógica

(da Fenícia ao Desconhecido)

A vida é noite; o sol tem véu de sangue!
Tateia a sombra da geração descrida...
Acorda-te mortal! É no sepulcro
Que a larva humana se desperta à vida!
Álvares de Azevedo

Acredito que existe um lugar
Onde as almas aflitas vagam
Sob o peso da própria tristeza...
.......................................................
Porque às vezes...
O amor é mais forte do que a morte.
The Crow, City if Angels

Seus fortes gritos dissolvem como o suor.
I Ching

I

Nasceste em terra sombria, entre bombas e afetos,
Viste as rosas em chão sangrento se inclinarem
Em busca do Sol. Sentindo a alegria dos netos
Anos mais tardes nos peitos se derramarem:
- Era a vida que nascia de Deus, era a sorte
Varrida no bem. Membros que evitavam a morte
Ouviam com atenção cada lição, o aprendizado
Fulgurando sua incrível feição pelo bem...
Pinheiros se erguiam apontando suas faces
Rumo ao habitát natural do grande Criador,
Todo o Oriente de pessoas de falas magníficas
jamais! nunca olvidaram sua história belíssima
Entre deploros, heroísmo, valentia...
Era a força - embuçando a sensibilidade!
Era a pomba - esperando sua reluzente entrada!
Era Gibran - ensinando o mundo a bondade!
E enquanto a chuva acaricia meu todo, lembro
De cada detalhe - eras o belo sonhador,
Nas plagas novas: um eterno pensador,
Um anjo fenício que abre as portas do meandro
Bom. Da laranjeira a romã, do pequi
ao Damasco, do deserto a floresta...
Essa é a vida!... dois povos, uma idéia
E o mesmo capitalismo no universo
E tu, ó meu avô,
O desprendimento material (...), bem aqui
Rompeste a hipocrisia nojenta da família
Odiosa e... orgulhosa (...)!

II

Sonho que engrandece! Tua coroa árabe posta
No estandarte de tua alma, teu amor brasileiro
São cores belas do paraíso. Contudo
Meu coração se entristece: tua ausência, meu avô,
É dolorosa, é fria como a escuridão
Da madrugada, é tenebrosa, é trágica
Como as correntes infames da escravidão!
Volte! Volte, meu avô! Ou leve-me à morte!
Leve-me agora e sempre, leve-me ao Nada!
A paz límpida no seio latente de Deus...
Quero em sangue bege lavar meu ser demente,
Perder-me sem medo na insana torrente
Onde a tristeza mórbida não se encontrou
E nas carícias de amor...
... Enfim me esquecer...

III

Sim!... Um frenesi blasfêmico requeimava
Minhas palavras com um desejo bucólico...
Uma vontade indecifrável de viver
nas garras da floresta, distante de Tudo,
Longe de todos... Que destino turbulento!
Que vida, meu Deus! enforcado nas peripécias
Da desagradável família! "Ó, meu avô,
Salvai seu neto que tanto sofre! Salvai, ó Deus!"
- Era tudo que da minha voca escapava
Naquele inferno... amarrado nas correntes
Sussurros, gritos, xingos, frases ridículas
Ironizavam minha burrice; por pouco quase
... Quase morri... senti a bílis escapando
De minha boca... Ah, Jeová! Devora-me já!
O coração petrificado do bardo sofre,
O peito vil retumba gestos deploráveis
Malícias satânicas, requiéns, inscrições,
Brasões esculpidos nas entranhas do poeta,
O trovador moderno nunca compreendido
Pela "massa" inteligente... alegorias persistentes
Reproduzem em meus desenhos o sectarismo
Doentio nas grades sufocantes dessa casa:
A crença angustiada do cristão. Perdoe-me,
Ó minha mãe, embrião espiritual da existência,
As minhas faltas... meu apego aos vícios da carne
Volte! Volte, meu querido avô! Empina-me
Na altivez da religião!... leve-me pra longe,
Longe desse hospital imundo... a pomba da paz
Quer se apresentar (...), deixe-a entrar, deixe-a entrar...

... Invadir o lar...

IV

A Morte bateu a porta. Tímido eu a chamei.
Já previa sua chegada. - a pomba foi cruelmente
Assassinada. Protegida em um invólucro
Manto a Morte lia com voz trôpega os cânticos
Sagrados da Bíblia. Esquálido eu tremia muito...
A imagem!... apenas uma imagem insistia
Em bagunçar minha mente. Ah! Que pesadelo!
Era ela! é ela! a mulher que eu amo! aó ela!

A doença maldita violentava minh'alma
com cores tristes. Enquanto Prometeus
Queimava meu íntimo sem dó com o fogo
Furtado do Olimpo, meu espírito sangrava
E chorava. - Onde estás que não a vejo, meu amor?
Onde estás, brilho de minha vã existência?...

A Morte quer a valsa - eu quero viver;
O dia quer a noite - eu quero só esquecer...

Vasilhas negras, belezas semi-nuas,
Perpetuações do caos... balbúrdias... visões
Cabalísticas do terror... corpo tombado
No chão, caído feito verme a pensar...
Risos alheios... pegada monódica... ermos...
Prepoderância vil... a morte unindo a ilusão
Com o passado, a cidade, as indústrias,
As fragmentações das ideologias... a Morte...

Ó Morte, o que tu me reservas em teu ventre
De vadia violentado pela sensual vida?

V

Sonho Tolo! O filho da loucura corróe-me
As entranhas nauseabundas... Ó Deus!... as portas
Da jovem Morte ali desnuda ainda me incita,
Induz-me a navegar (só) no mar de ilusões
Sozinho, falido, sem desejos - ambições...
Mas não, ó Deus, não deixe que as horas velem
Meu corpo insepultável sobre as flores falsas
Da normalidade. Ah! "Eis a carne que ão de comer..."
É triste o destino inevitável das aves
Que desnudas se fazem inspiração
Para o poeta e o caçador. O débil túmulo
na sacrossanta família, o vinho nobre
De Dionísio, os versos De Byron e Rimbaud,
Tudo (!), tudo sem confunde em minha mente;
Até mesmo a minha existência se perde
Nas tuas coxas rígidas e no teu ventre
E nem tu, minha bela mulher, percebes...
Que se viu assim atrás de algo que se perdeu...
E se perdeu nos ventos gélidos da morte...
Ao lado das cores funestas de mil cortes...

VII

Caim, meu espelho, matou Abel... Abel se sentiu
Muito traído... a vida caminha corcunda
Mostrando lentamente a face dos inimigos...
E emsu irmãos, herdeiros da mesma lida,
Bebem comigo nas noites frias o conhaque
Ardente da traição. Nas portas melancólicas
Da tirania transamos todos em completa
Solidão... eram as deusas que vinham quentes!
Era o vil destino brincando de ser tenente!
Hoje sou Abel, ontem eu era caim, e unidos
Somos apenas um. Duas almas que moram
Presas na carne da racionalidade;
Duas almas - um corpo - filhos herdeiros da saciedade.
Byron, Shakespeare, Augusto dos Anjos, Rimbaud,
Mestres da loucura, derramem em minh'alma
A poesia fantasiosa da mente humana
E raspem no meu prato o alimento vulgar
Da vida mundana. Me ame, ó Deus, com teu furor;
Seja pra mim, ó Mãe, meu belo condor...

VIII

Ah, que calor! Ó inferno de Dante! Ilusões!
A vida só leva para o caixão as ilusões...

Contudo percebo que nada sou... A existência
Se perde em brumas pesadas... nuvens de fumo...
E no arrebol meu desejo escurece; meu sêmen
Escorre pelas minhas pernas coruscantes...
Ah, que horror maldito! Ah triste Inferno de Dante!
Era tudo o que poderia dizer-vos:
Apertar a garrafa contra meu peito!
Dei-me o cigarro vagabundo de outrora!
A beleza pálida da virgem morta!...
... A culpa perambula sob minhas memórias...
E num baú encontrei as cartas de namoro
De meus antepassados... e li...

Cartas escarradas, voluptuosas declarações...
Eu me perdi... e me percebi
Longe da esfera global...

***

sábado, 27 de junho de 2009

Pra você




Beleza e pele. Pele e poesia.
Mergulhado na inconsciência.
Poesia em seus olhos.
Em seus olhos infinitas belezas.

Tens um brilho intenso
de intensa eternidade.
És a vida submergindo.
De seus olhos a claridade.

És a agonia da Morte.
Parada no ar.
És toda ventura e vontade.
No teu corpo a intensidade.

Desejo inflado na carne.
Sou louco pela vida.
Copos espalhados no assoalho.
És as horas traçadas, querida.

Beleza e pele e poesia.
Pele branca e branda alegria.
A vida em seus olhos.
Em seu sorriso a beleza sem ironia.

Delirium (poesia feito as presas nos Jardins do Éden)


Morte visceras submersas nos olhos
caminhamos
arcanjos fraticidas
a boca segue o olho e os olhos quadris

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Poesia, doce canto de glória

Poesia, canto secreto de orgia.
Sentimentos mal definidos.
Poesia, coração suicida
ausente de toda essência de alegria.

Poesia, doce canto de Morte.
Cortes profundos na alma.
Poesia, morte funesta à gloria
dos que caminham sem memória.

Poesia lúcida alucinada
de horas aniquiladas.
Poesia, pele e pelo, energia.
Sopro gritante de despedida.

Poesia porrada porca
de quem enfrenta a derrota.

Infinitos domingos


Tarde quente de domingo. Todas as mãos e mães do mundo suavam. batia um vento forte por debaixo das saias das beatas e os padres com seu cinto de castidade comiam criancinhas sobre o oratório da igreja com um sorriso particular e uma vontade de dizer amém, de agradecer a Deus mais um dia de sol... Não sei porque estou dizendo isso mas é preciso dizer algo, mesmo que não tenha sentido, mesmo que eu esteja com dor de barriga e com uma baita dor de cotovelo.... é preciso dizer e pra mim essa divagação basta.

Quente tarde... Fecho a página do livro que há dois anos e meio namoro e nunca leio... O autor é um tal de Dostoievski. O sono pesa minhas pálpebras e lembro da Joana e sua cinta-liga vermelha e sua bochecha rosada... lembro dela a todo momento... ela tinha um jeito particular de me beijar e dizer que me amava... mas nada disso me importa(va) mais do que a voluptuosidade de seus seios fartos e suas coxas vulgares... Fumo um cigarro que entra pela minha alma como uma fumaça cinza-nebulosa e cuspo no espaço versos vazios que nunca li... na realidade sou um alienado, vivo exclusivamente preso em histórias alheias... sou um funcionário público sem eira nem beira... sou a puta que pariu... João Cleber Pereira do Nascimento... e estou aqui outra vez mergulhado nos meus pensamentos... Quem são essas duas ninfetas com cara de piranha que vejo da janela do meu quarto? que me excitam sem perceber? que faz eu ir correndo pro banheiro bater uma punheta? quem são essas divas de olhares translúcidos e pele lisa?
Não sei... Isso me atordoa... não sei quem são... apenas duas meninas sem identidade? a face suarenta do abismo? sei lá...

Elas são duas sapequinhas. Se beijam e se abraçam sem pudor.
Olha lá! uma delas tirou a calcinha... "deve "tá" bem quentinha"... penso comigo mesmo...
Ela não é assim o padrão de beleza que admiro... Ela parece uma porta... rígida como tal... anda como uma salamandra em dia de tédio e marasmo... Eu, um nerd que não lê nada , só números, números, números... ela me obriga e escrever inúmeras reticências...
Ela é a mais feminina e mais novinha... Deve ter um dezessete anos de idade... um pouco mais, um pouco menos... ela me fascina com sua pele de marfim, seu olhos cristalinos, sua bunda gordinha... Sou um pervertido? um tarado? um psicopata?
Faz exatamente um ano e meio que estou nessa luta. vendo da janela essas duas crianças adultas. Uma delas ( a mais velha) descobri que faz aula de educação física numa faculdade particular, a outra (a gordinha) está no primeiro ano ainda. Elas se completam. Ainda mais quando escrevem com seus próprios corpos o número 69.
Passando os dias vou me perdendo em ilusões e divagações...

Abandonei o emprego. Abandonei meus amigos. E até a cerveja. E até a cerveja. Única alegria de pobre. É... eu sou um falso nerd. Nem de números entendo (na realidade)... Minto pra mim mesmo... Sou um mau funcionário.
A jovem universitária é de classe média. A gordinha que tem sorte. Golpe do baú? Raul seixas diria apenas: "duas aranhas se esfregando"; e eu me esfrego e me esfrego com mil calos na mão. Acho que vou ficar grávido de mim mesmo. Vou estudar para o próximo concurso público, se essas vadias deixarem... Ah Vadias!!
O que a contra-cultura fez na época de meus pais?? Apenas criar seres andróginos ardendo de sensualidade para destruir meus dias, me amarrar na frente de uma janela horas a fio? e essa liberdade sexual? me prender para depois cuspir?...
Minha mãe está morrendo... Entravada na cama... Mija toda hora... Mas estou entorpecido por duas belezas confusas se roçando se beijando se lambendo se maltratando se xingando... Estou é com tesão... Apaixonado por fantasmas... Poeta sem gramática, arcanjo desnudo, corcunda de óculos de grau mais grosso que o pau do Betinho...


Deixa me lambuzar em suas curvas em forma de ondas marítimas, ó gordinha!
Deixa eu ser seu brinquedo nessas tardes ensolaradas de verão!
Deixa a volúpia queimar nossos corpos bronzeados ! : o seu de correr no calçadão, o meu de esconder debaixo dessa lâmpada luminosa.
Deixa eu enterrar meu desespero (de notar que minha vida não tem sentido ) no seus olhos!


Oitocentos e sententa e nove dias nessa labuta.

Elas se separam e eu aqui colecionando espermas nas bordas de minha orgia solitária.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Dois sonhadores, dois artistas, dois amantes


Escolhas vãs e sem sentido... Na última hora destruo tudo que me deixa vivo... A boca necessita de carinho, os pelos de contato a outros pelos que não o seu, a sede e a vontade de transcender a realidade, boca e língua, pele e pelo, pelo e pele, o amor misturando-se a névoa branda e branca de sincera poesia, palavras gentis, um sorriso no meio da noite buscando calor junto a lencóis quentes e quentes de paixão, o toque na face submergindo o desejo, a volúpia e palavras, versos contidos de choro e felicidade e a eternidade ali presente na alcova onde dois corações se batem e se entregam e se abraçam e se beijam e se molestam e se lambem e se sondam e se desejam sem pudor como se fosse a última, a última vez, a última tentativa de ser feliz; a Morte presente e o acaso se enlaçando em sua cauda de orgasmo prestes a desaparecer no nada...

Tudo foi perfeito e é perfeito... estive em contato com a paz... a paz que tanto busquei em minha vida... seja nos livros, nos bares, igrejas, em contato com a multidão ou no silêncio do meu quarto... estive a um passo da Morte, por incrivel que pareça... o poeta buscando no burburinho da noite, na loucura do caos afim que acalentar o coração já tão maltratado e usado de formas erradas e sem sentido... Eis que você me aparece, tímida e ousada... com seus versos e sua poesia e sua fala sem igual... Você... Só você com esse sorriso que me encantou e sua pele que me esquentou naquelas madrugadas frias e serenas... é... você me apareceu e eu (anjo torto e decaído de toda moral) não aceitei a felicidade e a paz de espírito que enfim alcancei...

Caminharei na neblina, sozinho e desprovido de fé; caminharei descalço com o dorso encurvado roubando versos vazios no Nada, olhando a paisagem, os automóveis, as pessoas, os passarinhos com suas asas abertas voando na imensidão do céu pintado de um azul celeste, divino mas no fundo nada verei... só o seu sorriso e sua boca... seu rosto que tanto acareciei nessas noites que tanto menciono e não esqueço... nunca esqueço... Fujo da felicidade e do amor... Sempre fugi e parece que assim farei até o fim dos meus dias... enfrentando dores, loucuras, noites mau dormidas, luzes, brilhos de bares e páginas sem sentido de poesias sem sentido de versos sem sentido de palavras sem sentido de olhares sem sentido...


Nós dois, "dois sonhadores, artistas, e amantes se completavam como pão e vinho", se completavam, unidos como um só, uma alma e um corpo suspensos numa nuvem de amor e carinho... Você só me fez bem... Guardarei cravado na minha alma, no meu coração e na minha pele você... Nunca esquecerei de você... foi bom... ficou a dor, a saudade... Não sei viver com a felicidade completa... sou um vaso despedaçado no chão dividido em infinitos pedaços... um anjo decaído, um tumor alojado e esquecido, sou angústiva viva e vivo os instantes rápidos de sentimentos, sou um mau rimador, alguém que não reconhece o quanto é bom viver na ventura, abraçado na boca desnuda de emoção...
Perdoe minha decisão (ainda tão confusa)... Perdoe eu não ser o cara que você tanto sonhou... Perdoe meus defeitos tão graves e complexos... Minha falta de carinho como mereces... Perdoe eu não cumprir minhas promessas...

Nunca te esquecerei... Não consigo te esquecer...
Mas é estranho... não sei se a solidão me fascina ou fascina a dor? O medo de não possuir a liberdade...
A vida vem me prendendo loucamente como um demônio em fúria... Seja nos dias presos na casa de parentes preso sobre chantagem usando outra pessoa (enferma) que morreria com meu ato... Seja num emprego insustentável... Seja em mim mesmo... E esse medo (que antes não revelei a ninguém e aqui revelo a todos) creio que me destruirá... Com uma garrafa de vinho parece que roubo a eternidade... Ficar "careta" o tempo todo me assusta... Com você, querida, roubava o infinito... nossos corpos entrelaçados seguiam um ritmo único... suores soturnos na madrugada insana...

Li hoje um texto do Carlos Drummond de Andrade que diz algo que me fez pensar muito:

"Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por
alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento houver o mesmo brilho intenso entre
eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que
nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo apaixonante, e os olhos se encherem
d' água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de
ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus mandou um presente:
o Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o
deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR."




Obrigado por fazer parte da minha vida!
Você sempre será a mulher mais importante da minha vida!
Quero consertar meus erros, defeitos e aprender a aceitar a felicidade
que não bate (infelizmente) duas vezes na mesma porta...
Infelizmente...

Perdido em pensamentos


A inutilidade da vida...
Morto e ferido, o flanco aberto
cabeça baixa... pensamentos sem nexo... não olhe!
Tudo não passa de uma grande merda!

Me sinto derrotado, filho bastardo
sendo comido pelo próprio pai
como um prato, o melhor prato
da última ceia que festejavam minha ausência.

Não tenho vontade, futuro, presente
só um passado vivo, feliz, latente
sou uma puta comendo restos de pensamentos
um barco à deriva, um fantasma
perdido e esquecido no letes do esquecimento.

Sou angústia viva e vivo exclusivamento
os restos podres de sentimentos.
Sou um mau rimador, um anjo ferido
um tumor alojado e esquecido
alguém que nem reconhece os próprios inimigos.

Sou eu comendo meu pai, molestando minha dor
sou feito fera sem garras
um homem sem carne, um ventre abortado
um funcionário vivendo sua vida estúpida
um profeta embreagado, um anjo endemoniado.

Sou um salário bom na boca puta do sarcasmo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ana e Carolina

Eram duas meninas.
Uma de pele lisa, outra de olhos cristalinos.
Uma delas, a mais gordinha,
pediu para que a outra levantasse a saia.

Sem hesitar, a menina de traços
alongados como nas mãos de Modigliani.
Peitos fartos, olhos quentes
foi lambendo longo na insânia

o ardor dos desejos intransigentes.
Elas eram mesmo duas sapequinhas.
Uma fazia aula de educação-física.

A outra estava no 1º ano ainda.
Enquanto isso da janela do meu quarto
olhava tudo atento como quem não vê nada.

sábado, 13 de junho de 2009

Ao poeta interior

Ao poeta que angustia o altar da dor
tonto e enegrecido de nostalgia.
Aos olhos mudos mergulhados no mar.
Ao grito revestido de tristeza e alegria.

É isso que trago em minha poesia.
Um Nada imenso perdido no caminho.
Mistérios de angústia e amor
aos abraços enlouquecidos de carinho.

É isso que arranco da poesia.
Mil versos emocionados e sem sentido.
Um barco naufragado no Vazio.

É isso que quero com minha poesia:
expulsar da minha alma toda minha vida
e roubar do acaso a sorte um dia.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Em meio ao caos


Olhos lindos e penetrantes como a noite.
Olhos de beleza e sensualidade, de brilho e luz.
Ontem te vi em meio ao caos.
Anjos suicidas sobrevoavam a paisagem úmida revestida
de um linho de prata rodeado de pássaros famintos
prenhe da luz que a lua torpe e sem sentido concebia.
Fazia frio, mas o frio que fazia atemorizava apenas
os soldados subalternos das madrugadas frívolas
e profetas tecendo a manhã direcionavam a vida a um único propósito
e eu em êxtase, divagando pelo movimento da noite
via apenas algo em minha frente...
Teu sorriso, teu sorriso, o sorriso mais lindo de todos.
E por mais que eu tentasse seguir um assunto, uma idéia
o que ficava mesmo era teu sorriso, teu lindo sorriso...
Tua boca e teus olhos, teu ser...
Abri os olhos sedento de calor e acordei.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Madrugada Infinita (anjos de volúpia mergulhados no inconsciente)


Vamos meu bem, mergulhar juntos
na inconsciência
lambendo nossos corpos
a noite nos tem como parentes.

Pegadas de sangue nas esquinas
matamos o passado para roubar o infinito
herdeiros do desconhecido
somos migalhas de um sonho fingido.

Brilha a lua no vazio
estrelas cintilantes, um desejo intenso...
Os postes permanecem acesos
acesos até o momento
que a lua nos ter por inteiro.

Sangue nos postes, nas ruas, nas esquinas
chuva de hemoglobina
somos dois astros em um
plainando num céu nada azul.

Mais um gole, um gole insano...
Bebendo em nossos corpos
a inconsciência nua
sem máscaras - o teatro da Morte.

E vamos juntos, bem juntos, meu bem,
um lambendo o outro
encaixados como dois animais
perdidos na inconsciência
naufragados na existência
abandonando a essência
aceitando ser apenas animais
orgásticos e sem pecados.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Malzdreams (Uma porrada na alma)


Aí segue-se um texto do zine Vertigem, fanzine idealizado por Dangelo Martins, Edérson da Silva Sobrinho, Jorginho A. Rocha e eu (Diego El Khouri), (agora com mais dois novos integrantes Ivan Silva e Vicente Junior).

http://zinevertigem.blogspot.com/

Malzdreams
(Uma porrada na alma)

As cordas vibram sinuosas no abismo. O ambiente tragado para dentro de um único som. Vozes sutis embalando o ruído ensurdecedor dos amplificadores impulsionados por quatro jovens de estilo "largado" e aparência transgressiava. Uma porrada na alma. Um grito no abismo. Um desvio na mente.

Ao ouvir cerca de trinta minutos o ensaio da banda Malzdreams fica submerso na cabeça um silêncio pungente e uma tremenda indagação: - Não entendi porra nenhuma! Que som é esse?! De onde surgiu essas músicas?! De que mente saiu essas melodias?!

A banda formada em 2005 passou por inúmeras fases, porém sem abandonar o projeto inicial: o bom e velho rock n'roll. De banda que só tocava covers como Metallica, Guns N' Roses, Nirvana à banda de estilo único e canções próprias. Uma música que remete ao som que se fazia nos anos 60/70 (dos grandes festivais como Woodstock) ao som underground da última década.

Outubro de 2008: a primeira porrada. Um mini-show realizado num trio elétrico em uma escola de Aparecida de Goiânia que fica a poucos quilômetros da capital. E que porrada diga-se de passagem! Ao lado de algumas bandas que vomitavam um hardcore niilista, as vezes calcado numa rebeldia artificial e uma consciência política forçada, Jorginho (vocalista, baixista), Ederson (guitarra base-solo), Charles (guitarra base-solo) e Ivan (bateria, flauta-doce) se apresentaram como verdadeiros "peixes fora d'água". Um rock pesado, porém um tanto melancólico para o ambiente. Isso se demonstrou ainda mais quando o vocalista em meio a uma música criticou duramente a desunião das bandas goianas. Ralmente uma porrada. Uma porrada na alma. E em meio as pessoas, sentado no chão observava tudo extasiado, quase em transe mediúnico. Era o primeiro show que via desses malucos. A primeira emoção... A primeira porrada. E como dizem a primeira vez a gente nunca esquece e numa tentativa consciente de filosofar o que via pensei: Puta que pariu! E foi só (...).

Um show conturbado. Os dirigentes do evento por falta de comunicação e principalmente organização não estavam deixando que Malzdreams tocasse aquela noite pois o tempo se esgotara e os diretores da escola não permitiriam que esses jovens cabeludos fizessem tanto barulho em um recinto educacional. Mas como o show de toda banda interessante que toca pela primeira vez fora de sua cidade, de seu ninho a bagunça é fudamental. O primeiro show dos Ramones por exemplo terminou em porrada. Os integrantes da banda se xingando, se golpeando e errando as músicas não tocando sequer uma canção completa.

Loucura e bagunça: isso é rock n'roll. "Segredo", o nome de uma de suas canções mostra exatamente o devaneio que fica na mente: "jovens tão 'largados' não são capazes de criar canções tão fantásticas como esta". Ouvi certa vez um idiota comentando isso. Já imaginaram a fusão de Alice in Chains (com seu vocal melancólico e assustador) e guitarras melódicas e violentas de bandas de hardrock como Guns N' Roses ao estilo heo-hippie de Blind Melon? Junção estranha né. Mas isso é Malzdreams: Atitude... Melodia... Plenitude... Poesia emocionada... Música com o coração... A certeza que a arte ainda existe e o resto é Morte.


http://www.myspace.com/malzdreams

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