domingo, 17 de maio de 2009

Uma introdução superficial do ato criatório - cosmus e instintos


Os olhos alimentam-se de corpos. Olhos vis como a noite, melancólicos como a existência opática de nossos sonhos frios, estáticos como a aurora. Deus no seio do universo. Somos todos arcanjos. Tântalo na busca insaciável. Olhos permanecem aqui, o espelho ereto, o coração movediço. "O corpo está sempre presente a alma." A Morte e a vida. "Elas não são para mim, não são eu. Mas elas tão pouco são outrem." O olho nada mais é que uma extensão do pecado. O olho é uma genital aberta prestes a ser invadida por um músculo rígido enegrecido de dor e delírio. O olho é um braço carregado de volúpia e sarcasmo. Corte o rosto com uma navalha, a testa com uma faca e você verá a luz! As antigas culturas cultivavam o ato da trepanação a fim de buscar o conhecimento, expandir a mente, as chamadas "portas da percepção" que William Blake tanto nos dissertou. Mora o conhecimento alojado nos desejos. Nos instintos sexuais reside a criatividade. As famosas "janelas da alma". "Quando o sexo envolve todos os sentidos torna-se uma experiência mística".
Freud estava certo? Os instintos provém da mãe, a progenitora? O olho esquerdo de Hórus. De um lado a lua, de outro o sol. O id, o ego e o superego, "todas elas voltadas para os impulsos e desejos reprimidos".Ainda mais: "a arte e a filosofia nada mais é que manifestações posteriores do instinto sexual?" Vem da ebulição dos corpos, da imagem materna? "Sexo é hereditário" segundo Joseph Fischer.
Arranquem meus olhos e marquem minha pele com ferro em brasa. Antecipem meu fim. O olho é uma chaga. O olho é o cinismo nos olhos cegos da verdade. Ah, grande Édipo! Há menos no prazer convalece a dor - em ti a feição. "A desobediência é a virtude original do homem." Veremos ainda o culto ao peiote e as tradições antigas. A universidade será um terreiro de macumba, tudo em transe contemplando a liberdade. Transformem toalletes em templos budistas, delegacias na meca dos ociosos, os canteiros no hospital dos enfermos, a orgia no caminho dos anseios e nada mais resistirá a luz!

Olho na boca, boca no ouvido
olhos em êxtase
o amor, a virtude e o cinismo

viagem astral, redemoinhos insanos
a volúpia e a dor
cavalos esquartejados

Hórus, lado esquerdo
a lua
lado direito, o sol

meu amor enterrado nos teus olhos
templos ociosos
fechem as cortinas, tranquem as portas


continuaremos depois...

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