quinta-feira, 25 de junho de 2009

Infinitos domingos


Tarde quente de domingo. Todas as mãos e mães do mundo suavam. batia um vento forte por debaixo das saias das beatas e os padres com seu cinto de castidade comiam criancinhas sobre o oratório da igreja com um sorriso particular e uma vontade de dizer amém, de agradecer a Deus mais um dia de sol... Não sei porque estou dizendo isso mas é preciso dizer algo, mesmo que não tenha sentido, mesmo que eu esteja com dor de barriga e com uma baita dor de cotovelo.... é preciso dizer e pra mim essa divagação basta.

Quente tarde... Fecho a página do livro que há dois anos e meio namoro e nunca leio... O autor é um tal de Dostoievski. O sono pesa minhas pálpebras e lembro da Joana e sua cinta-liga vermelha e sua bochecha rosada... lembro dela a todo momento... ela tinha um jeito particular de me beijar e dizer que me amava... mas nada disso me importa(va) mais do que a voluptuosidade de seus seios fartos e suas coxas vulgares... Fumo um cigarro que entra pela minha alma como uma fumaça cinza-nebulosa e cuspo no espaço versos vazios que nunca li... na realidade sou um alienado, vivo exclusivamente preso em histórias alheias... sou um funcionário público sem eira nem beira... sou a puta que pariu... João Cleber Pereira do Nascimento... e estou aqui outra vez mergulhado nos meus pensamentos... Quem são essas duas ninfetas com cara de piranha que vejo da janela do meu quarto? que me excitam sem perceber? que faz eu ir correndo pro banheiro bater uma punheta? quem são essas divas de olhares translúcidos e pele lisa?
Não sei... Isso me atordoa... não sei quem são... apenas duas meninas sem identidade? a face suarenta do abismo? sei lá...

Elas são duas sapequinhas. Se beijam e se abraçam sem pudor.
Olha lá! uma delas tirou a calcinha... "deve "tá" bem quentinha"... penso comigo mesmo...
Ela não é assim o padrão de beleza que admiro... Ela parece uma porta... rígida como tal... anda como uma salamandra em dia de tédio e marasmo... Eu, um nerd que não lê nada , só números, números, números... ela me obriga e escrever inúmeras reticências...
Ela é a mais feminina e mais novinha... Deve ter um dezessete anos de idade... um pouco mais, um pouco menos... ela me fascina com sua pele de marfim, seu olhos cristalinos, sua bunda gordinha... Sou um pervertido? um tarado? um psicopata?
Faz exatamente um ano e meio que estou nessa luta. vendo da janela essas duas crianças adultas. Uma delas ( a mais velha) descobri que faz aula de educação física numa faculdade particular, a outra (a gordinha) está no primeiro ano ainda. Elas se completam. Ainda mais quando escrevem com seus próprios corpos o número 69.
Passando os dias vou me perdendo em ilusões e divagações...

Abandonei o emprego. Abandonei meus amigos. E até a cerveja. E até a cerveja. Única alegria de pobre. É... eu sou um falso nerd. Nem de números entendo (na realidade)... Minto pra mim mesmo... Sou um mau funcionário.
A jovem universitária é de classe média. A gordinha que tem sorte. Golpe do baú? Raul seixas diria apenas: "duas aranhas se esfregando"; e eu me esfrego e me esfrego com mil calos na mão. Acho que vou ficar grávido de mim mesmo. Vou estudar para o próximo concurso público, se essas vadias deixarem... Ah Vadias!!
O que a contra-cultura fez na época de meus pais?? Apenas criar seres andróginos ardendo de sensualidade para destruir meus dias, me amarrar na frente de uma janela horas a fio? e essa liberdade sexual? me prender para depois cuspir?...
Minha mãe está morrendo... Entravada na cama... Mija toda hora... Mas estou entorpecido por duas belezas confusas se roçando se beijando se lambendo se maltratando se xingando... Estou é com tesão... Apaixonado por fantasmas... Poeta sem gramática, arcanjo desnudo, corcunda de óculos de grau mais grosso que o pau do Betinho...


Deixa me lambuzar em suas curvas em forma de ondas marítimas, ó gordinha!
Deixa eu ser seu brinquedo nessas tardes ensolaradas de verão!
Deixa a volúpia queimar nossos corpos bronzeados ! : o seu de correr no calçadão, o meu de esconder debaixo dessa lâmpada luminosa.
Deixa eu enterrar meu desespero (de notar que minha vida não tem sentido ) no seus olhos!


Oitocentos e sententa e nove dias nessa labuta.

Elas se separam e eu aqui colecionando espermas nas bordas de minha orgia solitária.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Eu li os oitocentos e setenta e nove dias dessa labuta, um pouco louco, um pouquinho são, e não sei porque, mas me deu vontade de dizer que é uma porcaria, seguido de arrependimento.

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