domingo, 12 de abril de 2009

Assalariados


De frente a um espelho
que reflete as muralhas da vida
vou cortando minha face
com uma navalha, cuspindo sangria.

Sendo sangue e não saliva
o cuspe ergue edifícios
mesclando-se a fumaça
que vomita das fábricas.

Sendo sangue e não saliva
sendo noite e sendo dia
nas fábricas a Morte ilumina
a fila dos suicidas,
dos desamparados, dos operários
de frente a espelhos quebrados.

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